sexta-feira, abril 20, 2007

Portugal é o Paraíso!



Estava para aqui na minha rotina diária de visitar os blogs vizinhos e ao ler estes textos dei por mim a pensar no conceito de paraíso. Várias religiões descrevem-no como um lugar onde o clima é ameno, onde há abundância de alimentos e recursos, sem guerras, doenças ou morte.

Claro que já existem vários tipos de paraíso, por exemplo os paraísos fiscais e políticos (entre outros!). Mas concentremo-nos no conceito fundamental. Como seria a vida no paraíso? Será que era deitados numa espreguiçadeira a ler livros e a beber dry martinis? E quem é que nos escrevia os livros se todos pensassem em fazer o mesmo (sim, sim, e já agora quem é que os imprimia e distribuía?)? Ou então quem é que nos servia os dry martinis (vá, podemos ser nós próprios a fazer, não sejamos malandros!)? E já agora, quem seriam os fabricantes das espreguiçadeiras (com o tempo estas estragam-se, não é? Teríamos de comprar outras para substituir!)? E claro, se estamos numa espreguiçadeira, temos de estar confortáveis, e nada melhor que uma almofadinha na cabeça e deitadinhos colchão! E as empresas para os fazer? E as empresas de têxteis para a roupinha que temos vestida? O clima pode ser ameno, mas calma, duvido que o S. Pedro (ou outro qualquer!) tivesse lá um sistema de ar-condicionado que garantisse a mesma temperatura as 24 horas diárias por forma a permitir que andássemos para ali nus ou só com uma tanguita! E não podemos matar animais a torto e a direito, não fosse aparecer um fanático qualquer de alguma associação animal (e como estaríamos em paz… Quem seríamos nós para criar confusões!). E já agora, se me magoasse lá pelo paraíso? Como seria? Era tipo magia e qualquer ferida desaparecia? Como seriam os centros de saúde lá do sítio? Ou mesmo, as águas oxigenadas, o mercúrio e os pensos, como seria? E já agora… Médicos? Eles também querem curtir a vida no paraíso (lógico!)… Seria do género: meu amigo, tens uma ferida? Vai ali à água do rio ou do mar e molha! Vai ver que isso passa… O centro de saúde está fechado, e como não morre, deixe-se estar aí a sofrer um bocadinho, só lhe faz é bem!

Será que aguentávamos o dia todo numa espreguiçadeira? E só ler é bom, mas um bocadito cansativo! Sempre podíamos andar por ali às voltas, mas claro, quem trata do jardim? Vá, não sejamos malandros outra vez! E já agora, que é feito das facas? Pronto, sempre podemos usar os galhos ou troncos de alguma árvore! E claro, nós próprios poderíamos construir a nossa cabana, com umas camitas…! Era engraçado!

Agora lembro-me… Beber dry martinis o dia todo? Temos também água, e com os recursos ilimitados, podíamos sempre comer fruta, legumes e animais! Será que conseguíamos matar os animais dentro das normas de higiene? Ou passávamos a vida a dry martinis, sopas, fruta, legumes e água? Também era possível fazer vinho!

Como seria a malta a andar por lá de um lado para o outro? Na realidade teríamos de estar confinados apenas ali ao lugar que estivéssemos, de certeza que no paraíso não existem sistemas de GPS, e tomar como pontos de referência árvores e rochas não me parece lá muito viável! E a língua? Será que se falava português, ou será que desde pequenos tínhamos de aprender uma língua universal (tipo inglês…)? E escolas? E professores? Estes também têm direito a estarem deitados nas espreguiçadeiras a ler e a beber dry martinis… Será que os pais é que tinham de ensinar em casa? “Vá querido, esta semana vai aprender a divisão e para a semana a multiplicação!”. E o controlo de natalidade? Preservativos e pílulas (por exemplo…)? E as maternidades? “Logo agora! Acaba aí o dry martini e ajuda-me!”

Lá me ia esquecer de outro pormenor! A parte social! Como seriam as conversas? A começar com o “está bom tempo!” não podia ser de certeza, porque lá no paraíso a temperatura seria quase sempre a mesma! Também não faria sentido frases do género “Vizinho, pode-me emprestar um raminho de salsa?” pois os recursos eram ilimitados. Também não faria sentido: “Gosto tanto das tuas calças!”, “Aquele Manuel está cada vez mais careiro!”, “Vá lá que hoje o Sporting ganhou!” ou “A gasolina está cada vez mais cara!”. Podia ser do estilo, “então tudo bem? Eu e a minha Maria ontem estivemos bastante aflitos para apagar a fogueira! Aqui pelo paraíso não há baldes nem mangueiras! Que chatice!”, “Ontem fui à pesca e correu bem! Muitos robalos!”, “As vacas hoje deram pouco leite!” ou “Já viu o aspecto daquele medronheiro? Não gosto nada daquela cor” … Será que passavam a haver lobbies lá pelo paraíso? Todos aos grupinhos? E como seria para entrar num determinado grupo? E já agora, religiões lá pelo meio? Ou grupos políticos? Quanto a religião, estando todos em sintonia e harmonia, todos acreditariam no mesmo, e quanto a política… Líderes? Apenas uns mandavam… Mas a malta não dava por isso… Não era suposto estar em paz? Não nos podemos incomodar!

Relendo tudo o que escrevi, tenho a sensação que estou no paraíso…! Se observar bem o que escrevi até agora, consigo constatar que Portugal é realmente um paraíso.

Empresas praticamente não as há, ou as que existem fogem lá para fora… Médicos? Toca a encerrar hospitais e centros de saúde… Só não há é imortalidade… Maternidades? Nem comento sequer… Carne e peixe? Mais dia menos dia vem tudo de fora… Vá lá que ainda se pode produzir vinho…

Depois fico com a sensação que nos deixamos estar feitos patetas deitados nas espreguiçadeiras e deixar que nos dominem… Como estamos um paz, um idiota de um primeiro-ministro pode mentir descaradamente e mesmo assim o povo continua a apostar nele (ou então nem sequer ligam à gravidade da situação…).

Para além da imortalidade a outra diferença entre Portugal e o paraíso é que lá poderiam existir alguns lobbies, mas como os recursos seriam ilimitados não haveria problema, enquanto que cá é a lei da exploração do mais fraco! Não se vive… Apenas se sobrevive…

1 Comments:

Anonymous Anónimo Escreveu...

AHAAAAH!!

Parece que finalmente voltaste e com toda a tua pujança!

Adorei!

7:05 da tarde  

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