O meu "divórcio" político
Depois de ler este texto e ter reflectido um pouco, não resisti em escrever sobre a minha (curta!) “carreira política”! Há uns anos, era eu uma jovem inconsciente, e resolvi filiar-me num partido político. Acreditava piamente em política e acreditava que quem lá estava queria mesmo defender os interesses nacionais. Só que claro, durante essa minha “carreira” apanhei alguns choques, de tal forma que levaram ao meu divórcio político e total descrédito nos políticos.
O primeiro choque ocorreu logo no primeiro contacto com um candidato a deputado (que mais tarde até chegou a presidente do partido). No primeiro contacto, vou eu lançada a falar com sua excelência… “Estou muito contente por finalmente ter aceite candidatar-se a deputado, embora ache que o seu lugar deveria ser mesmo na presidência do partido”. Riu-se um pouco e até me afirmou “Ainda é muito cedo!”. Ainda discuti alguns aspectos que achava importantes, até que ouço “Este ano vamos subir muito!”. Fiquei um pouco boquiaberta, porque claro pensei cá com os meus botões, “então este caramelo defende isto, aquilo e aqueloutro apenas para subir muito?”. E a coisa passou.
Passei um Verão inteiro de comício em comício, a abanar bandeirinhas e gritar como se estivesse em pleno estádio de futebol a apoiar a selecção nacional.
Mais tarde, estava eu já na dita “Jota” quando ocorreu o meu segundo (e último) choque. Resolvi ir a um “congresso nacional” para a eleição de um novo presidente para a dita “Jota”. Aquilo era um bocado estúpido, porque primeiro votava-se numa tal “moção de estratégia” e de seguida na “presidência”. O que desde já era perfeitamente ridículo porque quem “ganhasse” a “moção de estratégia”, deveria obrigatoriamente ganhar a presidência, mas enfim… Haviam 3 candidatos, e claro, seriam as listas A, B e C. Mas antes de continuar, convém salientar que ainda houve uma espécie de discursos pré-votação, onde iam lá os apoiantes e amigos defender a sua “bandeira”. Eu na altura, ingénua, acreditava que defendiam tal lista por esta apresentar medidas benéficas para o país. Confesso até que eu própria tinha redigido uma espécie de discurso, o qual desisti de apresentar a partir do momento em que ouço certos “discursantes” a dizerem que apoiavam sicrano porque eram amigos há muitos anos, andaram na escola e nos escuteiros juntos… Voltando à votação da dita moção de estratégia, esta foi feita de mão no ar e lá ganhou a lista B. Entretanto, a lista C desiste, e ficam assim a A e a B (lógico!). Ora, como a lista A “pertencia” à anterior direcção, supostamente para eles era conveniente ganhar. Então como fazer a coisa? ‘Bora lá trocar. E foi o que aconteceu. A lista A passou a ser a lista B, e a lista B passou a ser a A. A eleição para a presidência passou a ser de voto secreto. Era engraçado ver alguns dos candidatos na dita fila a “pedirem” para votar neles, e que assim até ficavam com um lugar qualquer para uma treta qualquer que nem eu própria tinha percebido bem. Claro que lá ganhou a tal lista B (antiga lista A). Depois desse congresso, pus-me a pensar: aquilo é um partido pequeno, é só meia dúzia de “miúdos”, agora como será num partido grande, com lobbies e dinheiro à mistura?
A partir daí "divorciei-me" da política. E claro, quer queira quer não, deu-me para questionar se existe mesmo democracia ou isto não passa tudo de fachadas e compadrios.